Paralelos de Tyrion e Tyland: Leões Desfigurados
Bom, eu não estava pensando em fazer outro paralelo sobre algum personagem da atual saga de ASOIAF e um personagem da Dança (alguns ainda serão postados aqui)... Porém, lembrei de um paralelo que pensei fazia um bom tempo, mas que nunca explorei muito: Tyland Lannister e Tyrion Lannister!
Bom, Tyrion é um dos mais famosos e amados personagens de ASOIAF, porém, Tyland não é um personagem tão memorável quanto o filho de Tywin; até por ter apoiado os verdes, o que por si só já rende boas críticas do fandom. Apesar de tudo isso, eu gosto de Tyland; para mim, ele era um personagem que fez o possível para subir de vida (pois ele não era herdeiro de terras, pois estava atrás de seu irmão), e deu sempre o melhor de si para provar o seu valor.
Infelizmente, os caminhos de Tyland tiveram um preço caro para ele: suas artimanhas contra os negros foram espertas, mas lhe renderam sessões pesadas de tortura, deixando-o terrivelmente desfigurado. Além de tudo isso, o seu irmão morreu na guerra e o lado dos verdes perderam a vitória após a morte de Aegon II.
O Lannister acabou por não ser executado e servir como Mão, entretanto, ele nunca seria bem lembrado em Westeros.
O passado de ambos
Ambos os Lannisters são "leões do Rochedo", mas nenhum dos dois era um herdeiro de Rochedo Casterly; Tyrion ficava na sombra de seu irmão mais velho e mais bonito, Sor Jaime, o favorito de seu pai, Lorde Tywin, que sempre colocou todas as expectativas possíveis nele. Expectativas essas que ele negava ao seu filho anão.
Tyland também teria que viver na sombra de seu irmão; sendo gêmeo idêntico de Jason Lannister, Tyland sempre ficaria em segundo plano. Sem terras para reinvindicar como suas, ele teria que depender de seu irmão mais velho para alguma generosidade... Ou, como acabou por acontecer, e de suas próprias habilidades políticas.
A infância de Tyrion é turbulenta: sua mãe morreu após seu nascimento; sua aparência deformada o fez motivo de troça; Tywin e Cersei sempre teriam desprezo por ele. O anão se mostrou um jovem inteligente e engraçado, mas seu pai não dava a atenção merecida. De fato, o único trabalho que Tywin deu ao filho mais novo foi o de reformar os esgoto do Rochedo.
Não sabemos tanto da infância de Tyland quanto sabemos da de Tyrion, sabemos apenas que, durante uma das viagens de Rhaenyra para o Oeste, ele e seu irmão lutaram entre si pela atenção de Rhaenyra. Ambos claramente estavam encantados com a presença de uma linda princesa em suas terras... E, é claro, com a ideia de se casarem com ela.
Tyrion não estaria sua cota de chances para casamento; seu pai o prometeu para diversas moças de casas nobres, como Lysa Tully, mas nenhum chegou a vingar.
Mas, apesar de seu alto nascimento, Tyrion viria a se casar com uma mera plebeia, Tysha.
Não foi uma boa história de amor. O pai de Tyrion a entregou para os guardas e obrigou Tyrion a ver tudo... E, para piorar a situação, o fez participar no final.
Tysha foi despachada para longe após esse infame episódio de tortura; GRRM já nos prometeu revelar "para onde as Putas vão" no sexto livro, mas nada sabemos disso ainda.
A Vida na Corte e subida ao poder
Ambos os Lannisters do Rochedo acabariam por visitar a corte real e criar seus caminhos em busca de poder e prestigio nela. No caso de Tyrion, ele não teria nenhum cargo importante na corte durante o reinado de Robert I, mas as coisas mudariam após a morte dele e da coroação de seu sobrinho, Joffrey, onde ele conseguiu um poderoso cargo de Mão do Rei durante boa parte da Guerra dos Cinco Reis.
Diferente do filho de Tywin, a chegada de Tyland a corte foi justamente para receber um cargo político: Senhor Almirante e Mestre dos Navios.
Esse é um cargo que não tem muito destaque para Tyland, mas era a posição na qual ele se encontrava quando o Rei Viserys I morreu. Após a morte do Monarca (e o assassinato do Lorde Beesbury), Tyland assumiria um cargo que combinava melhor para um Lannister: Mestre das Moedas.
Sabemos que Tyrion apoiou a reinvindicação de Joffrey pois era o melhor para ele e sua família. Tyrion não estava realmente se importando, entretanto, pois seu sobrinho se mostrou um verdadeiro incompetente e psicopata, sendo um dos principais causadores da guerra que viria a seguir, após matar Ned Stark. Na realidade, o garoto nem mesmo tinha direito real ao trono, visto que era um bastardo de Cersei e Jaime.
O restante da família não ia muito longe: Tywin desencadeou saques, incêndio, assassinatos e estupros em sua terrível campanha no Tridente; Cersei era uma megera gananciosa que nada fazia para controlar os impulsos dos filho, além dela própria causar problemas; mesmo Jaime, que ficou preso ou vagando no tridente durante a maior parte da guerra, foi o homem que empurrou Bran Stark e ajudou a criar mais caos entre Stark e Lannister (além de sua cumplicidade no ato incestuoso que gerou Joff).
Stannis e Robb, inimigos de Tyrion durante a guerra, eram pessoas muito mais morais do que a família do mesmo.
Stannis lutava pelo seu direito ao trono como irmão mais novo de Robert, pois o mesmo não tinha filhos legitimos, além de totalmente contra os abusos que Tywin permitia que seus soldados faziam.
"O rei Stannis mantém bem os seus homens na mão, isso é evidente. Deixa-os saquear um pouco, mas só ouvi falar de três selvagens estupradas, e os homens que o fizeram foram todos castrados."
-Samwell, A Tormenta de Espadas.
Quanto a Robb, não é impossível imaginar que fora de sua visão, muitos de seus soldados acabassem por abusar de mulheres e até matar inocentes, ele nunca seria o tipo de Monarca que permitiria tais atos acontecessem como o Lorde Tywin o fazia, deixando seus soldados agirem como animais para amedrontar seus inimigos, mesmo meros plebeus.
Veja como Edmure, sempre julgado como um tolo, foi o homem que deu abrigo e comida para plebeus assustados e desabrigados, enquanto o pai de Tyrion os caçava.
“- Quem é toda essa gente?
– O meu povo – respondeu Edmure. – Estavam com medo.”
Catelyn, A Fúria dos Reis.
Além disso, é óbvio que o Rei do Norte tinha um motivo muito mais puro do que os Lannister: seu pai havia sido acusado e dado como culpado por crimes que ele nunca cometeu. Joffrey e sua família haviam destruido muito da família dele para saírem ilesos. De todo o modo, Tyrion estava se importando tanto com a bondade de Robb quanto se importava com a maldades dos Lannister: quase nada.
O motivo de Tyland apoiar os verdes é mais ambíguo: ele realmente achava eles o melhor lado? Ele acreditava no direito masculino sobre o feminino? Ou ele apenas queria subir na vida?
Bom, a resposta para isso é difícil, pode ter sido um desses motivos, podem ter sido todos eles... Talvez até algum outro; talvez ele apenas não quisesse perder a cabeça ao ir contra o conselho (embora os eventos seguintes descartem isso).
Seja lá quais forem os motivos, tanto Tyland quanto Tyrion fizeram o que podiam para ajudar seus aliados (e família, no caso de Tyrion): o Mestre das Moedas arrumou um plano sagaz de retirar a maior parte do tesouro da Coroa e dividir ele em partes, uma para o Rochedo, outra para os Hightower na Campina, e outra para o banco de ferro, mesmo que Rhaenyra tomasse a Capital (o que acabou por acontecer), ela teria uma infeliz surpresa.
Tyrion, por outro lado, tendo mais poder que Tyland, mas não estando numa corte que lhe favorecia tanto, usou de seu poder como Mão do Rei para botar seu planos em prática: ele retirou Janos Slynt e sua laia, livrou-se de Pycelle, colocou guardas, mercenários e selvagens sob seu comando para a patrulha da Cidade, e, acima de tudo, formou o plano de construir uma corrente na Blackwater e colocar Fogovivo em navios para destruir a frota inimiga.
Ambos os Lannister fizeram o que podiam para se provarem dignos da alta posição que ocupavam e para atrapalhar os rivais. Mas claro, nem tudo são flores, logo suas ações tiveram consequências e maré mudou um pouco de lado.
O plano de Tyland de dividir o tesouro deu certo, assim que Rhaenyra conquistou a Capital para si, Aegon II já havia esgotado tudo o que tinham. Entretanto, isso custou caro para o Mestre da Moeda: A Rainha dos Negros não o decapitou com os outros membros do conselho dos verdes, mas esse teria um destino mais misericordioso do que o acabou por lhe acontecer.
"Sor Tyland Lannister foi entregue aos torturadores, para que eles tentassem recuperar parte do tesouro da Coroa."
Tyland, aos que nos consta, se provou fiel e não entregou nada aos torturadores, mas os torturadores de Rhaenyra lhe deixaram desfigurado. A tática do Leão foi esperta, mas saiu muito cara.
Além de tudo isso ter acontecido, o irmão de Tyland, Lorde Jason, acabou por morrer graças ao ferimento de uma batalha; seu exército seria completamente destruido pouco após a sua morte em uma batalha contra os lordes do Tridente e do Norte. Para piorar, o Oeste, então desprotegido graças a convocação de Aemond, acabaria por ser invadido e saqueado pelos Homens de Ferro.
Para Tyrion, a derrota não viria com a derrota em guerra, mas sim com a vitória.
Após Tywin derrotar o exército de Stannis, ele tomou para si o papel de Mão do Rei, rebaixando Tyrion ao cargo de Mestre das Moedas (uma ironia interessante em paralelo a Tyland, como veremos a seguir). Todos aqueles à quem Tyrion irritou agora não tinham motivos para teme-lo. Ele já não tinha seus selvagens do Vale, os Kettleblack foram para o lado de Cersei e os seus outros aliados haviam perecido na batalha. Tyrion estava sem muita liberdade agora.
As coisas viriam a piorar para Tyrion após a morte de Joffrey. Todos sabiam que eles se odiavam, e Mindinho ajudou a botar sal nas feridas na cerimonia de casamento, pouco antes da morte do Rei.
Isso foi péssimo para Tyrion, ele não tinha amigos para lhe defender, os inimigos da corte que ele havia feito não perderam tempo para testemunhar contra ele. A única chance dele foi Oberyn, mas como todos sabemos, as coisas não terminaram bem...
uma Mão para que Rei?
Bem, voltando ao partido de guerra do Tyland, os verdes retornariam ao poder após a fuga de Rhaenyra e a volta de Aegon II.
Aegon seria um rei de reinado curto, mas Tyland não desistiu de apoiar sua facção. De fato, ele avisaria que era necessário matarem o jovem filho de Rhaenyra, o jovem princípe Aegon. Só assim as rebeliões iriam parar, pois enquanto houvesse sangue da linhagem da Rhaenyra, sempre lutariam por ele.
"— Ele pode tomar o negro e passar seus dias na Muralha — decretou Sua Graça —, ou abrir mão de seu sexo e me servir como eunuco. A escolha é dele, mas não terá filhos. A linhagem da minha irmã precisa terminar.
Até essa opção foi considerada branda demais por sor Tyland Lannister, que recomendou a execução imediata do príncipe Aegon, o Jovem.
—O menino nunca deixará de ser uma ameaça enquanto estiver respirando — declarou Lannister. — Remova a cabeça dele, e esses traidores ficarão sem rainha, rei ou príncipe. Quanto antes ele morrer, mais rápido essa rebelião termina."
Fogo & Sangue.
Para piorar a situação, Aegon e os verdes careciam de um grande exército para se defender dos rebeldes que vinham contra eles -eles só poderiam contar com Borros e seu exército, mas ele acabou sendo derrotado e nada poderia salvar os verdes quando os inimigos alcançassem. Tyland prontamente tratou de ir a Essos e buscar apoio, pois ouro não era problema para eles... Mas era tarde demais.
Quando Tyland voltou de Myr, Aegon II já estava morto, Alicent presas e vários outros aliados verdes na Capital estavam presos, enviados a muralha ou mortos.
Porém, apesar de tudo parecer perdido, o Lannister deformado não ficaria desprovido de poder, pelo contrário; ele foi considerado o melhor indicado a ser Mão do novo rei, Aegon III, o garoto que ele disse que deveria ser morto. Tudo isso foi graças a tentativa de equilibrar os membro da facção dos Verdes e dos Negros.
"Sor Tyland Lannister, tendo voltado recentemente de Myr, foi indicado Mão do Rei, enquanto lorde Leowyn Corbray foi indicado Protetor do Território. O primeiro tinha sido verde, o segundo tinha sido preto."
Nisso, Tyland, em um paralelo interessante com Tyrion, deixou de ser Mestre das Moedas e se tornou Mão do rei. E ele foi um excelente Mão.
Em outro diferencial que contrasta sua personalidade com a de Tyrion, Tyland não seguiu o caminho da vingança:
"A inteligência de sor Tyland, porém, continuou afiada. Talvez fosse esperado que ele se tornasse, depois das tormentas, um homem amargo e com sede de vingança, mas isso esteve longe de ser verdade. A Mão alegava uma curiosa falha de memória e insistia que não conseguia lembrar quem era preto e quem era verde, enquanto demonstrava uma lealdade canina ao filho da mesma rainha que o mandou para a tortura. Rapidamente, sor Tyland alcançou um domínio tácito sobre Leowyn Corbray, de quem Cogumelo diz que “tinha o pescoço grosso e a inteligência lenta, mas nunca conheci um homem que peidasse tão alto”. Por lei, tanto a Mão quanto o Senhor Protetor estavam sujeitos à autoridade do conselho de regentes, mas conforme os dias passavam e a lua virava e virava de novo, os regentes se reuniam cada vez com menos frequência, enquanto o incansável, cego e encapuzado Tyland Lannister ganhava mais e mais poder para si. Os desafios que ele enfrentou foram enormes, pois o inverno chegou a Westeros e duraria quatro longos anos, um inverno mais frio e lúgubre do que qualquer outro na história dos Sete Reinos. O comércio do reino também desmoronou durante a Dança, e incontáveis vilarejos, cidades e castelos foram depredados ou destruídos, e bandos de fora da lei e homens arruinados assombravam as estradas e florestas."
-Fogo & Sangue Vol. I.
Tyland pode ter ajudado na queda de Rhaenyra, e foi um dos que mais defendeu a morte do filho dela, mas deixou qualquer rivalidade de lado; Westeros estava destruída pela guerra, quaisquer que fossem as opiniões pessoais dele e dos outros lordes deveria ser deixada de lado por um bem maior.
A Mão encapuzada restabeleceu o comércio, distribuiu empréstimos para lordes em necessidade, construiu uma nova frota (deixando a dependência da Coroa com Derivamarca menor), e fortaleceu os muros e portões da cidade, entre tantas outras coisas.
Tyland viria a sucumbir pela febre de inverno em 133 D. C., ao lado dele, fazendo companhia em seus tristes momentos finais, estava o jovem rei Aegon III, o mesmo garoto que um dia ela tentou matar.
O quê tudo isso pode representar para Tyrion no futuro? Bom, é o que falarei agora.
Tyrion será Mão do Rei Bran, o Quebrado?
Seguindo a possibilidade do Bran ser Rei nos livros (algo que por si só tem conteúdo para uma série de Textos, mas pesquisem um pouco sobre o rei "Bran, the fisherman" e o Rei Bran, o Abençoado), acredito que Tyrion será sua Mão.
Tal qual Tyland, Tyrion acabaria sendo o principal conselheiro de um Rei Garoto, sendo este rei da facção inimiga que ele havia tentado derrotar, mas que acabou por voltar ao poder.
Acredito que, se Bran se tornar um jovem mais frio, seja pelos poderes como Warg ou por traumas, ele também se assemelharia um pouco com o próprio Aegon III e sua personalidade distante e fechada.
Agora, sendo novamente Mão do Rei, Tyrion terá que reformar e ajudar Westeros a se reerguer e isso trará muitas dificuldades: pegando apenas o caos dos cinco livros, as Terras Fluviais estão destruídas, o Oeste sofreu com saques dos nortenhos, o Norte perdeu muitas pessoas e também sofreu com os saques dos Nortenhos, nem mesmo a Campina escapou, sendo alvo de ataques horríveis de Euron.
Tudo isso estará ainda pior no fim da saga: Euron deve usar magia para piorar a situação, mais guerras serão travadas serão vistas, como no Tridente, Norte, Oeste, Terras da Tempestade, etc... Tudo isso será pior, pois um inverno avassalador chegou e, logo depois, a longa noite. Diversas mortes aconteceram até o fim da saga, nenhum reino deverá suportar as coisas que vão acontecer; dependerá de Tyrion para resolver tudo isso (junto de Bran).
Tyrion também não deve casar nem ter herdeiros, mas, diferente de Tyland, ele acabaria por herdar o Rochedo: seu pai já está morto, Jaime e Cersei não devem passar do Sexto livro, deixando ele livre para reinvindicar seu tão almejado assento. Claro, ele provavelmente ficará longe durante quase todo o tempo, mas seria o dono em tudo.
Tyrion e Tyland tiveram que construir seu lugar no mundo, ambos tiveram atos questionáveis, mas sempre se provaram homens inteligentes para que passassem por cima de diversas dificuldades e exercessem com primor suas finalidades e ajudassem o reino.




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