A Nova Rainha: Myrcella Baratheon

 — O ouro deve ser as suas coroas e suas mortalhas, — disse ela [Maggy, a Rã].

Muitos dos fãs acreditam que a parte das coroas de ouro não é literal, mas que Maggy estava falando em sentido figurado —como ocorre na maioria das profecias—, e que as ditas "coroas" são na verdade o dourado do cabelo Lannister. Eu, entretanto, devo ir contra esta suposição e defender que, sim, Myrcella será a Rainha de Westeros... Por curto período de tempo.

Dos três filhos de Cersei, dois já foram reis, com um deles —Joffrey— já tendo sido assassinado. Falta pouco para Tommen se juntar ao irmão, e com ele fora da jogada, Myrcella será a próxima na linha de sucessão.

Artista: lady lye

Como isso irá acontecer? 

Bem, algumas das serpentes de Areia estão indo para a Capital -Tyene e Nymeria-, e elas podem matar Tommen caso tenham a chance. Nenhuma delas se importaria de fazer tal atrocidade, visto que todas concordavam que ele e sua mãe deveriam ser mortos.

Duas possibilidades para isso:

Como elas não sabem de todo o plano de Doran, elas podem considerar que já é hora de Tommen morrer e Myrcella ser rainha;

Por ordens do próprio Doran (ou numa tentativa de ajudá-lo), elas podem acabar por descobrir o resto do plano e matar o jovem rei.

Assim, os Lannisters, que já estavam vivendo em um caos, terão perdido mais um rei, e terão de coroar uma jovem de apenas 11 anos para ser a primeira rainha de Westeros.

Westeros não teve uma rainha reinante antes, a única que chegou a tal poder foi Rhaenyra, mas esta se provou incompetente e perdeu o trono em apenas 6 meses de reinado — Ela viria a ser "deslegitimizada" por seu irmão, Aegon II, posteriormente. Como Rhaenyra não é bem lembrada, e a guerra que veio com a ideia de uma rainha reinante, então, é de se supor que os sete reinos não estariam felizes em ser governados por uma mulher — ainda mais com ela tendo tão pouca idade e tendo Cersei como regente.

Pelo que vimos da Arya no sexto livro, Cersei parece ter voltado ao poder, e não está nada calma:

“Quanto tempo acha que ficaremos aqui [em Braavos]?”

“Mais tempo do que você gostaria,” o velho respondeu. “Se ele voltar sem o ouro a rainha lhe tirará a cabeça.

— Mercy, TWOW.

Sendo assim, Cersei, além de ter recuperado o poder, ainda parece bem sanguinária.

Mas então, sobra uma questão: Myrcella vai durar no trono?

A resposta mais óbvia é não — e essa é a resposta certa aqui. O Norte, o Tridente e o Vale estarão com os próprios problemas, Dorne irá para Aegon VI, assim como as Terras da Tempestade, e a Campina ficará dividida. O trono poderia ter apoio da fé, mas esta logo também se juntará ao dito Aegon. Para piorar, Cersei ainda irritou o banco de ferro, que agora é seu inimigo.

E quanto ao Oeste? Bem, os Lannister irão (provavelmente) morrer aos montes em um Casamento Vermelho 2.0, assim como seus aliados do Tridente, os Freys. Eles estão esgotados pela longa guerra que Robb lhes deu, e agora será o fim das forças restantes.

Talvez Cersei se alie aos Greyjoy (a única facção que ela não alienou), mas isso apenas servirá para ela destruir o próprio lado e ser largada por Euron.

Assim, Myrcella será rainha de um reino dividido e caótico, com uma mãe insana que destruirá todas as poucas chances da jovem ter apoio.

Paralelos históricos

A trajetória de Myrcella como primeira rainha reinante de Westeros, mesmo sendo muito nova, lembra um pouco a da primeira rainha reinante da Inglaterra: Jane Grey, a Rainha dos Nove Dias.

Jeyne sucedeu seu primo, o Rei Edward VI, após a morte dele. O rei era muito jovem, sendo conhecido como "Rei menino" (assim como Tommen) e tinha apenas suas duas irmãs para sucede-lo. Como sua irmã Mary era Católica, ele a deserdou —Ele queria o trono para Elizabeth, mas esta não poderia continuar como herdeira legítima se Mary também fosse deslegitimada. Assim, o trono ficou para a neta da filha da irmã mais nova de seu pai: Jane Grey, filha mais velha de três irmãs.

Jane não teve um longo reinado, muito menos feliz: a morte de seu primo e rei foi um duro golpe para ela, e ela era apenas uma peça para seus pais e para seu sogro. Jane podia ter o título de rainha reinante, mas em nada mandava; ela apenas seguia as ordens de seu sogro e assinava o que ele mandava.

Jane não ficou bem vista: para tentarem dar um ar de realeza e legitimidade, foi feita uma coroação e um festejo para a nova rainha. Infelizmente, tal ato foi insensato por parte dos apoiadores: o rei acabara de morrer, e muitos ainda achavam que Mary Tudor era a herdeira legítima do trono; ver uma jovem desconhecida em um passeio festivo não os agradou, fazendo Jane parecer insensível para com o luto do reino —Jane estava realmente triste pela morte do primo, e não estava feliz com tais regalias, o que pode ter lhe dado o ar de "fria" e distante para os que a viam.

Isso deve ocorrer com Myrcella: visto que Cersei é um paralelo quase-perfeito de Rhaenyra, a Rainha Regente (ou mão do Rei, caso a Cersei enlouqueça de vez e pegue o trono para si) deve ignorar a fome do povo durante a guerra e o inverno — e o próprio luto quanto a morte de Tommen— e acabe por dar uma festa repleta de regalias para sua filha recém-coroada. Isso deve irritar ainda mais o povo pequeno, que já guarda grande rancor da Rainha Lannister, dado todo o seu desprezo por eles, e aumentar o desprezo pela ideia de Myrcella como rainha —Talvez a própria Myrcella perceba a péssima ideia, mas Cersei fará ouvidos moucos para ela e qualquer outra pessoa.

Voltando a falar de Jane Grey, sua prima (e agora rival) Mary Tudor não ficou quieta; logo estava sendo informada da morte de seu irmão (que devia ter sido mantida em segredo até ela ser presa, mas seus aliados logo a avisaram), e recebendo um grande apoio do povo e dos nobres, fazendo com que a facção de Jane perdesse apoio rapidamente e se desesperasse — Seus pais a abandonaram, assim como seu sogro.

Logo, Jane Grey viria a ser feita refém de Mary —agora Mary I Tudor—, que esmagou seus inimigos com facilidade e tomou o trono de forma triunfante e rápida. A jovem ex-monarca poderia ter sobrevivido, visto que Mary sabia que a garota de apenas 15 anos não era realmente uma mente maligna e era apenas usada como peão político; entretanto, o pai da jovem fez uma rebelião fracassada para tentar coroá-la novamente, e isso mudou tudo.

O rei da Espanha —que estava para ir a Inglaterra casar com Mary— se recusou a ir até o reino e se unir com a rainha em casamento. Jane agora era vista como uma ameaça, todos os lordes apoiadores da Rainha Tudor sabiam que ela não poderia viver.

E assim, Jane foi para o cadafalso, sendo decapitada antes de sequer fazer 16 anos, sendo vítima de esquemas políticos de pessoas que deveriam amá-la e protegê-la.

Myrcella também tem um rival igualmente potente contra ela: Aegon VI.

Aegon (real ou não) será mais bem visto que Myrcella: ele é homem e tem idade apropriada para governar, e parecerá um herói vindo de canções, indo vingar a perda da sua família e tirando os malvados Lannister do poder. Ele logo terá apoio da maior parte de Westeros, e Myrcella irá perder apoiadores com o passar do tempo. Ela não é vista como legítima, além do preconceito de Westeros com mulheres —Não ajuda ter Cersei como mãe.

Dificilmente será refém como Jane: a profecia prenuncia que sua morte será antes da de sua mãe. Como isso irá acontecer? É um mistério para mim, mas pode ser que Doran, Arianne e/ou Varys decidam matar/mandar a jovem Lannister; tal qual Tywin matou os filhos de Elia, para ganhar uma boa imagem com Robert, sabendo que este não estava feliz em matar crianças, eles podem decidir matar a última filha de Cersei —Talvez até culpando a rainha.

Assim como Maude não foi considerada rainha, apesar de toda a sua luta, Rhaenyra também não alcançou essa vitória. E assim como Jane foi a primeira rainha reinante por um punhado de dias e serviu apenas de peão, o mesmo destino aguarda Myrcella: a primeira rainha de um reino caótico, sem qualquer controle sobre seu reinado, fadada a tragédia e morte pelos seus ditos "protetores".